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Sabe, ainda continuo a ter crises de sinusite e a colocar a toalha molhada em cima da cama.Nos demais acho que melhorei,sua falta me fez enxergar coisas que necessitava.

Ontem ouví giz mais de quatro vezes seguidas e,cantava alto aquelas partes que me faziam lembrar da máquina de costura e até das roupas feitas por você pra mim.Muitas vezes principal motivo de nossas brigas,do meu bico,da vontade de fugir.

Era tão simples.Você ria dos meus comentários sem noção e eu dos seus conselhos ultrapassados.No final era como se um dependesse do outro pra existir.

Muitas coisas eu deixei de te contar,outras contei meio sem jeito.Você censurou,me disse coisas que doeram mas que posteriormente, se tornaram libertadoras.Aliás,elogios e criticas sinceras sempre foram seu forte.

Sabe,são as pequenas coisas.Tipo, o almoço de domingo, a posição do armário, as caixas de sapato, a cor em tom pastel dos acessórios na cozinha,as fotos de infância,minha desorganização, os quadros e histórias antigas.Que me fazem ter certeza que estive no melhor lugar com a melhor pessoa, até o dia certo.Isso eu não consegui te dizer,assim como não te elogiei,nem disse que te amava.E daí vieram tantas outras coisas as quais eu me arrependo.

Fazem exatos dez anos sem você aqui e risos,carinhos,reclamações,puxões de orelha,todas coisas de praxe que fazem parte do pacote de mãe,só que bem singulares,ainda continuam na minha memória intactas,na melhor parte dela,em saudades de todas as cores.